A cada nova catástrofe ambiental, a pergunta retorna com mais força: será que estamos aprendendo com a lição? Há um ano, o sul do Brasil enfrentava uma das maiores catástrofes com o maior impacto ambiental de sua história. Enchentes devastaram dezenas de cidades no Rio Grande do Sul. Um trauma coletivo que deixou cicatrizes profundas. Um ano se passou, e a história se repete em outros locais, com chuvas, secas extremas e calor recorde se espalham por todo o país. O clima não dá trégua. O planeta está reagindo, a Terra está nos dando um sinal.
Aqui, no Instituto Teko Porã, o cuidado com o meio ambiente não é uma frente de atuação isolada. É parte do nosso jeito de existir. É filosofia e é prática. O Bem Viver, é nosso valor, conexão do corpo com a natureza.
No livro “A vida não é útil”, escreveu Ailton Krenak – “E talvez por isso, cuidar da vida seja tão revolucionário”.
Essa visão nos guia todos os dias, seja ao escolher o alimento que servimos no café da manhã coletivo, ao promover atividades de escuta das comunidades onde atuamos, o cuidado em preservar e acolher nesses territórios, ou ao ensinar crianças a valorizar a água, ou a conhecer nossas origens brincando, fazendo petecas com as próprias mãos, conectadas à terra, aos ciclos e às raízes.
Cuidar do ambiente, para nós, é cuidar do corpo, da cultura, da memória e do território. É ensinar que o ato de brincar de correr com uma “tora” (cone) também é carregar história. É plantar onde for possível. É não separar a natureza da gente.
Mas o colapso do Meio Ambiente é real. E é agora.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2023 foi o ano mais quente da história. A temperatura global já atingiu 1,5°C acima dos níveis limites definidos pelo Acordo de Paris como crítico para evitar o colapso climático. No Brasil, os reflexos são claros:
- Seca severa e queimadas na Amazônia e no Pantanal;
- Inundações no sul e sudeste, com milhares de desabrigados;
- Perdas agrícolas, falta de água e energia em diversas regiões.
A UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) alerta que a degradação sistêmica dos ecossistemas está minando a capacidade da Terra de se regenerar. O tempo para ação não é mais amanhã, é hoje.
O Bem Viver como caminho possível
A filosofia do Bem Viver, como nos propõe o equatoriano Alberto Acosta, nos convida a imaginar “outros mundos possíveis”. Mundos onde o progresso não seja medido apenas pelo PIB, mas pela qualidade das relações entre pessoas, territórios e saberes.
No Instituto Teko Porã, isso se manifesta em ações como:
- A nossa atuação contínua no Rio Grande do Sul, um ano após as enchentes, não apenas com doações, mas com escuta, acolhimento e apoio emocional às famílias;
- A valorização dos povos originários em nossos projetos educativos e culturais com crianças, além da aproximação dos povos originários em Parelheiros;
- A priorização de práticas sustentáveis no dia a dia institucional, cuidando da água, reciclando e plantando nos núcleos onde atuamos;
- A defesa do acesso ao esporte, ao cuidado e à permanência nos territórios mais vulneráveis.
Tudo isso é meio ambiente. Tudo isso é cuidar.
Se ainda há dúvidas sobre o que aprendemos desde a pandemia, talvez seja hora de lembrar que nenhuma tecnologia, nenhum plano de emergência e nenhuma meta de carbono nos salvará se não houver conexão real com a Terrae com quem a habita.
O Bem Viver é escolha. E escolher cuidar da vida é, sim, um gesto pensando no futuro.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, o Instituto Teko Porã reafirma seu compromisso com a transformação coletiva. E convida você, outras organizações, movimentos e pessoas a se somarem nesse caminho.
Porque a urgência climática não é um problema ambiental. É um desafio humano. Vamos transformar juntos?
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