Estava decidida a fazer besteira e o Viver Melhor salvou a minha vida’ 

Tereza da Silva, 59, conta como projeto transformou sua realidade e a ajudou a olhar com amor para a própria vida
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Em uma tarde qualquer de 2019, Tereza foi à igreja, confessou e, quando voltava para casa, decidiu mudar a rota. “Estava decidida a fazer besteira”, contou. Ela não sabe explicar o motivo de mudar o caminho, mas lembra perfeitamente do que sentia: não suportava mais as dores que seu corpo e sua mente carregavam. No percurso, passou em frente ao Ginásio da Vila Dias, em Mogi Mirim, cidade do interior paulista onde vive há quase duas décadas. Lá, viu um homem descarregar o carro, que tinha bolas e colchonetes. Curiosa, perguntou o que estava acontecendo. 

Natural de Jacutinga (MG) e criada em Itapira, a dona de casa Tereza da Silva, hoje com 59 anos, caminhava disposta a acabar com o sofrimento gerado pelo abandono, depressão, síndrome do pânico, hérnia de disco e seis ‘bicos de papagaio’ na coluna, frutos de muito trabalho pesado ao longo da vida. O que ela não sabia é que tinha acabado de encontrar seu ‘anjo da guarda’.  

“Vi o Marcelo no portão e perguntei para ele o que ia acontecer no ginásio. Estava falando com o meu anjo da guarda. Aquele dia transformou a minha vida, completamente”, disse. Marcelo Hunger é um dos professores do Projeto Viver Melhor, realizado pelo Instituto Teko Porã, que atua em prol da autonomia e de uma vida mais saudável para idosos. O educador estava prestes a iniciar o trabalho na Vila Dias, um dos quatro núcleos do projeto em Mogi Mirim, quando trocou as primeiras palavras com Tereza – os demais estão instalados no Acojamba, Clube São José e no Tucurão.   

“Eu passei a vida sofrendo calada, nunca desabafei. Vivia com medo. Fiquei 44 anos casada, vivendo junto, e quando estava doente fui abandonada. Minha vida piorou. Não sei explicar o motivo de passar por aquela rua naquele dia, mas comecei a ginástica. Eu tinha medo de sair de casa, das pessoas que me rodeavam. Tenho quatro filhos e quatro netos, e essas relações me davam medo. Devo minha vida ao projeto com a ginástica”, detalhou a dona de casa. 

Tereza disse que não sabe de onde tirou forças e não é capaz de explicar como a ginástica mudou tudo, mas garante que, desde que passou a frequentar as aulas do Viver Melhor, passou a cuidar de si. “Hoje eu gosto de mim e toda sexta-feira, sábado e domingo, eu vou ao baile. E não vou mais, pois não tenho condição (risos)!”, falou, animada. “Aqui encontro socialização, não penso em dor e nas preocupações… E olha que eu tenho muitas”, completou. 

Fisicamente, Tereza disse que as dores na coluna melhoraram bastante – ela até arrisca fazer faxina, moderadamente. Mas a principal diferença é na mentalidade. “Começar a vida aos 60 anos é muito mais complicado. Eu ficava na ‘neura’, pensando sobre que os outros vão dizer de mim. E hoje eu me divirto e mando uma banana para quem achar ruim (risos)”, brincou. 

Nas aulas do Viver Melhor, que acontecem duas vezes por semana, sempre às terças e quintas-feiras, ela é uma das alunas mais animadas. A metodologia – Método Águia – consiste na divisão das atividades em quatro partes: trabalho neuromotor, força muscular, cardiovascular e flexibilidade.   

“O que eu gosto mesmo é da parte aeróbica! Adoro dançar e mexer o corpo inteiro, não gosto de coisa parada.  Hoje eu vou ao baile, fiz muitas amizades aqui e já arrumei até namorado. Mas esse aí já foi, logo vem outro”, brincou, antes de agradecer mais uma vez. “Devo 100% à ginástica. Se naquele dia eu não tivesse visto o Marcelo, não estaria mais aqui. Saí de casa decidida a fazer uma besteira e tudo mudou. Estou viva, feliz e lutando. Veja minhas fotos no Facebook: estou ‘toda toda’, amando a vida e vivendo para mim!”, finalizou, sorrindo.