Paternidade Responsável: como o cuidado transforma vínculos e infâncias

Por Gildasio Januario, Coordenador de Projetos – ECA Sul
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Paternidade ativa. Este tema faz parte do trabalho realizado no Programa Esporte e Cidadania em Ação (ECA) do Instituto Teko Porã, por meio dos projetos que incluem temas transversais , conectando reflexões com as práticas esportivas com crianças e adolescentes.

Por que falamos sobre paternidade responsável?

Paternidade responsável ou ativa é um assunto necessário de ser abordado. Considerando as vulnerabilidades do público atendido hoje pelo Instituto Teko Porã, não pode ser discutido apenas a partir da ausência ou presença da figura paterna, mas precisa incluir reflexões sobre a construção social da masculinidade.

Para dar mais contexto, no final da década de 1960 surgiram os primeiros estudos sobre masculinidade, impulsionados pelos questionamentos dos movimentos femininos, que levaram alguns homens a refletirem sobre modelos de comportamento e subjetividade masculina.

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 226, §7º, estabelece que “o planejamento familiar é uma livre decisão do casal, baseado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável”.

Em 2023, a Lei 14.623/2023 instituiu o Dia Nacional de Conscientização sobre a Paternidade Responsável (14 de agosto), para conscientizar a sociedade sobre os direitos, deveres e obrigações materiais, sociais, morais e afetivas que decorrem dos vínculos familiares, fortalecendo lares mais estruturados.

Falar sobre paternidade responsável é, acima de tudo, olhar para o cuidado como um ato social e transformador. Não se trata apenas de estar presente, mas de assumir um compromisso ativo com o desenvolvimento físico, emocional e social da criança  e também com o autocuidado paterno, que é parte essencial desse processo

Paternidade, cuidado e saúde masculina

Além disso, o Brasil é o único país da América Latina com uma política de saúde específica para a população masculina: a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH).  Ela tem como objetivo promover a melhoria da saúde masculina, reduzindo morbidade e mortalidade, e abrange cinco eixos temáticos:

  • Acesso e acolhimento
  • Saúde sexual e saúde reprodutiva
  • Paternidade e cuidado
  • Doenças prevalentes na população masculina
  • Prevenção de violências e acidentes

Dados importantes do Ministério da Saúde:

  • Homens vivem, em média, 7,1 anos a menos que as mulheres;
  • O risco de morte por doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas é 40% a 50% maior;
  • O risco aumenta com uso prejudicial de álcool, estilo de vida pouco saudável, pressão alta ou índice de massa corporal elevado (Vigitel 2020).

Essas informações mostram que cuidar de si e estar presente na vida dos filhos são atos profundamente conectados.

Como a ausência e a presença paterna impactam as crianças

A presença paterna contribui para o desenvolvimento global da criança, especialmente nos primeiros anos de vida, fundamentais para o progresso físico, cognitivo, emocional e social.

Para afirmar os impactos da ausência paterna, é necessário considerar a complexidade de cada indivíduo e seu contexto.

Redes de apoio emocional e social, acompanhamento profissional e outras figuras masculinas de referência, como avôs, tios, padrinhos ou padrastos, podem atenuar essa ausência, mas não a substituir.

Relato de um jovem pai: vínculos, segurança emocional e referências positivas

Nos aprendizados de um pai jovem, tenho percebido que construir vínculos, oferecer segurança emocional e ser uma referência positiva é essencial nos primeiros setênios da criança e tem efeitos para toda a vida.  Com o nascimento dos meus filhos, vivi também o “nascimento de um pai”, que a cada dia se esforça para cuidar, acompanhar e apoiar o desenvolvimento de seres humanos únicos.

O papel social da paternidade ativa e cuidadora

Na minha visão, a paternidade ativa começa antes mesmo do nascimento da criança:

  • Na notícia da gestação,
  • No acompanhamento do pré-natal,
  • No parto, nos cuidados diários, na educação, nas brincadeiras e diálogos que fortalecem o vínculo familiar.

Como o Instituto Teko Porã enxerga esse desafio

O Instituto, com sua metodologia sólida de educação pelo esporte, provoca suas equipes a aprofundarem essas discussões nas reuniões semanais, para que nos núcleos de atendimento realizem atividades conectadas aos saberes e experiências de cada criança e adolescente.

Projetos e ações que fortalecem vínculos familiares

  1. Encontros de famílias: escuta atenta e cuidadosa sobre temas de interesse da comunidade, em encontros bimestrais;
  1. Atividades lúdicas: como “brincadeiras e jogos antigos”, que incentivam o diálogo entre educandos e familiares, fortalecendo o vínculo intergeracional.

As atividades são lúdicas e dinâmicas, adaptadas às faixas etárias, tendo o esporte como pano de fundo para facilitar a sensibilização sobre o tema.

Convite à reflexão coletiva

As discussões sobre paternidade responsável não se encerram no fim de um mês de atividades.  Elas permanecem vivas no projeto, convidando todos a refletirem sobre masculinidade, machismo, autocuidado masculino e cuidado paterno.

Estar presente, participar e escutar ativamente os filhos cria memórias que atravessam toda a vida.

Apoie o cuidado que fortalece vínculos familiares

Com a sua doação, o Instituto Teko Porã segue promovendo atividades, encontros e formações que fortalecem famílias e protegem a infância. Faça parte dessa rede de cuidado.

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Referência bibliográfica:

  • UNICEFO Cuidado Integral e a Parentalidade Positiva na Primeira Infância, 2023.
  • Ministério da Saúde – Cartilha para Pais, 2018.